terça-feira, 28 de julho de 2009

Pequeno esclarecimento

Nenhuma verdade é absoluta.
Eu odeio o que você adora e você detesta o que me faz feliz.
Ela acha lindo, ele acha deprimente e a outra acha desprezível.
Tenho 17 anos e gosto do som de 70, meu vizinho tem 40 e escuta Jota quest.
Uso as palavras agressão física pra explicar porrada, minha avó usa pra explicar tatuagem.
Na Índia as vacas são sagradas, aqui nós as devoramos, assim como nossos cãezinhos de estimação seriam devorados no Japão.
Você é branco, eu sou negra e o cara do outro lado da rua é colorido.
Eu digo que nem tudo o que eu gosto é bom e nem tudo é ruim, mas talvez você deteste tudo mesmo assim. Talvez ele ame tudo em mim.
Você vê?! Os seres humanos tão mesquinhos. Vê?! Como são adoráveis.
Obrigados a dividir o mesmo espaço, temos que aprender a conviver uns com os outros.
Ninguém tem nada a perder, nosso destino final é o mesmo e isso ninguém pode mudar.
É aí que digo que respeito e humildade é o que você deve ter.Que vão te levar longe e trazer as devidas recompensas.




Obs: detesto criar titulos, então sempre empresto de alguém que admiro, esse é do Mario Quintana.

Gabi.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Urge.

"Eu digo: não confie na bondade das pessoas. 

Se alguns têm aquilo que todos precisam haverá conflito. 

Pedaços pequenos são divididos e nós estamos indo a todo vapor, para onde não sabemos.

Necessidades ampliadas.

A chave foi roubada e agora eu exijo mais que apenas trivialidades. 

Sobretudo, eu exijo as coisas boas da vida. 

E o que eu vou fazer se tudo o que eu desejo é

ilegal ou imoral? 

Irônica e contraditória nossa voz denuncia a vida moderna

em nome dos valores que a própria modernidade criou. 

Se não agora... Se não você... 

Se não agora, quando? Se não você, então quem?

Você que aprendeu a ter olhos te vigiando, 

bocas dizendo o que é permitido. 

Estamos cansados de mera informação, de temer o fantasma dentro da máquina. 

De repente, da calma fez-se o vento 

e do momento único fez-se a trama. 

Agora não pode passar. 

É simplesmente como nós vivemos. 

Miramos o alvo e atiramos, quebramos a lógica. 

Desejar ser livres... o que pode nos impedir de tentar?"

Colligere.

Recomendo, apesar de eu não curtir muito o estilo vocal dessa banda curitibana, mas as letras são muito, muito boas mesmo, vale a pena!

[Ana Hemb]


sábado, 25 de julho de 2009

Reflexão.

Eu estava passando pela rua de carro quando vi uma mulher indígena sentada no chão e seus quatro filhos brincando ao seu redor, enquanto um deles passava de carro em carro pedindo dinheiro quando o sinaleiro fechava.Foi então que meu pai e meu irmão que estavam comigo, começaram a discutir sobre o assunto, ", mas não era pra FUNAI dar apoio aos índigenas?", em suma no debate acabou sendo dito que na verdade a FUNAI dá apoio aos índigenas que estão em suas tribos, e não aos que saem da aldeia e vem para o centro urbano, competir igualmente como os outros cidadãos, muitas vezes deixando a mostra alguns poucos artezanatos, quase como desculpa para mendigar.
Apesar de toda a exploração que os indígenas sofreram desde a colonização, eles possuem um Estatuto do Índio, onde outro ponto da discussão entrou, os direitos do índio, ou suas prerrogativas perante a lei, das quais até então eu não sabia.Pois tendo noção de que o indígena vota, consequentemente conclui que fossem considerados cidadãos, sendo cidadãos tem seus direitos e deveres, como todos nós que respondemos por nossos atos igualmente sem distinção de raça, crença ou sexo.Mas eu estava enganada, segundo o estatuto do índio, no art. 8° : "São nulos os atos praticados entre índios não integrados e qualquer pessoa estranha à comunidade indígena quando não tenha havido assistência do órgão tutelar competente.Parágrafo único. Não se aplica a regra deste artigo no caso em que o índio revele consciência e conhecimento do ato praticado, desde que não lhe seja prejudicial, e da extensão dos seus efetivos."
Há também os que  emancipam-se da comunidade indígena, tornando-se cidadão brasileiro e não mais participante da comunidade indígena(Art.9°).
Não acho que deveriam responder diferentemente de nós por terem uma cultura diferente da nossa, até mesmo por muitas tribos hoje terem acesso a Internet, televisão, e informação que os tornam sim capazes de entender muita coisa.Claro que existe tribos quase que completamente isoladas e que não possuem nenhuma noção da nossa cultura, entretanto, volto a pensar nessa "pena histórica" que quase todo mundo tem dos índios e até mesmo dos negros de que "ah coitados são incapacitados porque foram explorados por tanto tempo", pelo contrário, essa pena não deveria existir, sim eles foram explorados, mas há casos e casos, e isso não os torna incapacitados.Tanto os índios quanto qualquer outro que está nas ruas, seja por opção ou por falta dela em suma não é culpa deles, contudo diferenciá-los perante a lei não creio ser a melhor escolha, isso ainda é um fato que muita gente nem para pra pensar.

[Ana Hemb]


domingo, 19 de julho de 2009

Você é a favor da redução da maioridade penal?

Os que defendem a redução da maioridade penal acreditam que os adolescentes infratores não recebem a punição devida. Para eles, o Estatuto da Criança e do Adolescente é muito tolerante com os infratores e não intimida os que pretendem transgredir a lei. Eles argumentam que se a legislação eleitoral considera que se um jovem de 16 anos tem discernimento para votar, ele deve ter também idade suficiente para responder diante da Justiça por seus crimes.

A maioria fala em 16 anos, mas há quem proponha até 12 anos como idade-limite. Propõe-se também punições mais severas aos infratores, que só poderiam deixar as instituições onde estão internados quando estivessem realmente “ressocializados”. O tempo máximo de permanência de menores infratores em instituições não seria três anos, como determina hoje a legislação, mas até dez anos. Fala-se em reduzir a maioridade penal somente quando o caso envolver crime hediondo e também em imputabilidade penal quando o menor apresentar "idade psicológica" igual ou superior a 18 anos.

Os que combatem as mudanças na legislação para reduzir a maioridade penal acreditam que ela não traria resultados na diminuição da violência e só acentuaria a exclusão de parte da população. Como alternativa, eles propõem melhorar o sistema socioeducativo dos infratores, investir em educação de uma forma ampla e também mudar a forma de julgamento de menores muito violentos. Alguns defendem mudanças no Estatuto da Criança e do Adolescente para estabelecer regras mais rígidas. Outros dizem que já faria diferença a aplicação adequada da legislação vigente.

Passada a motivação inicial, os projetos caem no esquecimento. A proposta para redução da maioridade está parada no Congresso desde 1999.

O que acaba acontecendo é que  pelos presos serem "excluídos socialmente" do mundo fora da cadeia, criam sua própria sociedade, criando conflitos entre si e resolvendo a sua maneira.Nessa sociedade vivem de um modo muito diferente da sociedade fora da cadeia, não tem as mesmas obrigações como cidadãos.

A anulação social vai além da falta de contato com a sociedade lá fora, perdem seus direitos de cidadão enquanto estão cumprindo pena.Perdem o direito de voto, não podem tirar habilitação para dirigir, e se estavam no exército são expulsos.Deixam de ser parte da sociedade, deixam de ser considerados cidadãos.Muitas vezes depois que saem da cadeia não conseguem emprego, e um dos motivos é o preconceito.

Toda essa manipulação social, gera grandes problemas psicológicos e morais aos maiores de idade atualmente, tudo o que eles sofrem e passam dentro da cadeia, de modo que grande parte ou revolta-se ainda mais ou nunca mais volta a cadeia.Imagine um adolescente, em desenvolvimento físico e psicológico, por mais cruel que seja, em um ambiente doentio tende sempre a piorar.

Qual a sua opinião?

[Ana Hemb]


 

O mundo é um moinho.

Na minha prisão mente, tudo gira como roda gigante, agora estou no alto e o céu é tão azul, vejo o brilho forte do sol refletido no lago e tudo é tão colorido. Extremamente colorido. Que me cansa os olhos e me confunde as ideias ainda mais. Não posso descer, não posso parar e não consigo continuar.
Terra a vista. Queria estar embaixo, queria que meus pés tocassem o chão, pra poder agir e fazer o que deve ser feito, mas aqui do alto eu não posso. Estou impossibilitada de tomar qualquer atitude e por mais que eu grite as formiguinhasembaixo não me entendem, portanto continuam vivendo as suas vidas.
Estar no alto, confusa e longe da realidade do cotidiano me causa vertigem, deixar-se cair, largar o corpo no ar, perder os sentidos, é tão fácil e sedutor. O corpo não responde a razão, ou talvez a razão me diz que eu tenho razão em saltar, em abandonar o lago, o azul, o brilho, as cores. P&B. Simples assim.
Ou talvez a senhora razão, já tenha me abandonado a muito tempo, por isso cheguei tão alto. E se esta se foi, o juízo foi também. Razão e juízo. Realmente, faz um tempo que não nos encontramos.
Velhos conhecidos amigos em um chá informal. Seria bom. Quando a razão não comanda o corpo, nos descobrimos humanos. Demasiadamente humanos.


"Preste atenção, o mundo é um moinho.
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos.
Vai reduzir as ilusões a pó."




Gabi.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

O valor de um sorriso.

Eu havia dormido menos de 4 horas na noite passada, pensando nas soluções práticas até as seis da manhã, quando por cansaço desmaiei no travesseiro.O céu mais uma vez anunciando chuva, com seu tom cinzento, tirou completamente o meu ânimo de qualquer resquício de bom humor, que por acaso alojara-se em mim.
O fato de o inverno trazer consigo o prazer de tomar um café quentinho e usar um belo casaco, talvez me alegrasse o dia, se não tivesse começado a goteculiar e a humedecer meu casaco de lã verde- escocês  quentinho.
A essas horas uma das poucas coisas que se salvavam era poder ouvir música decente no MP4, podendo fugir dos malditos celulares com MP3, que as pessoas insistem em impor qual será o próximo tour musical aos seus companheiros da curta viagem no ônibus urbano.
Meu passo apressado na chuva já forte e gelada, fazia com que a água escorresse do meu cabelo até o meu queixo, que agora tremia levemente com o frio húmido.O caminho ao colégio parecia um dia de feriado, quase como se eu fosse a única pessoa ali pensante.Estava mais uma vez atrasada.
Tolamente andando quase correndo com os olhos fixos no chão, esbarrei em uma senhora no auge de seus 50 anos, que deixou cair a sacola de sua mão onde levava maçãs vermelhas.Desculpando-me e ajudando a pegar as maçãs caídas ao chão, apenas ouvia os xingamentos sussurrados freneticamente pela senhora, que aparentemente era tão querida e educada.Enquanto a senhora desvencilhava-se das maçãs deixando-as para traz, afastava-se rapidamente, indignada com a situação.
Ainda confusa com a revolta alheia, continuei andando e já ouvia o habitual barulho das crianças correndo para a sala, dos adolescentes rindo e todo o rebuliço desnecessário.Meu humor que já não ajudava muito, piorava a medida que o barulho aumentava.
Entrando na sala, creio que com a pior cara possível pela reação da professora, encharcada, com os pés fazendo barulho da água sendo pressionada, sem a mínima vontade de estar ali, desejando um capuccino com chantili, entreguei o bilhete de atraso e fui pro meu lugar no fundo da sala, onde estava ao lado a minha amiga, com um sorriso contagiante e incontrolável: "All Star é uma péssima ideia num dia de chuva", divertiu-se ela me fazendo rir inevitavelmente, de mim mesma, quando eu achava que isso não seria possível pelas próximas oito horas.Foi quando vi como o meu dia havia sido uma bola de neve sem sentido, vendo o  quão burra eu fui em me importar com coisas pequenas e cotidianas.
Pode significar muito em um dia ruim, quando tudo o que precisamos é de um sorriso amigo que nos acalme e diga que vai ficar tudo bem, que enfim iremos sobreviver nesse mundo selvagem.

[Ana Hemb]

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Que vale por si só.

"Qualquer ideia que te agrade,
Por isso mesmo... é tua.
O autor nada mais fez que vestir a verdade
Que dentro em ti se achava inteiramente nua..."   
Mário Quintana.

"Pero sin perder la ternura jamás..."
Ernesto Guevara

"Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas...continuarei a escrever."
Clarice Lispector

"Nunca diga o que não deveria se não for para dizer o que tem para dizer."
Charles Chaplin

Feliz aniversário Gabi.


Ana Hemb.



quarta-feira, 8 de julho de 2009

A GENTE SE ACOSTUMA, MAS NÃO DEVERIA ....


"Eu sei que a gente se acostuma. Mas não deveria ...
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem outra vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha pra fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A ler o Jornal no ônibus porque não pode perder o tempo de viagem. A comer sanduíches porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E não aceitando as negociações de paz aceita ler todo dia, de guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios, a ligar a televisão e assistir comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. E a lutar por ganhar o dinheiro com que paga. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma à poluição. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável, à contaminação da água do mar, à lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinhos, a não ter galos na madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta do pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só o pé e sua o resto do corpo.. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que de tanto acostumar, se perde de si mesma."




Dani