quinta-feira, 21 de maio de 2009
Abolição,pero no mucho
Abaixo coloquei trechos dos manifestos contra e pró-cotas.
Cotas são ações afirmativas temporárias, ou seja, políticas públicas que visam abrir oportunidades sociais,econômicas,educacionais e culturais a grupos que sofrem discriminação.Pode ser em reservas de vagas nas empresas,nos programas de TV e na publicidade, mas a questão mais polêmica é a reserva nas universidades.Os que são contra justificam sua posição dizendo que as cotas não atacam de frente as desigualdades socioeconômicas da população nem a falta de qualidade no ensino.Ao contrário,aumenta a divisão entre negros e brancos, "trata de forma desigual os desiguais".Os que apoiam as cotas visam não só acabar com a discriminação,mas diminuir a distância social entre negros e brancos através desse tratamento diferenciado.
Segundo a Pnad 2006,apenas 8,6% da população brasileira completa o ensino superior.Dessa parcela 78% são brancos.Negros constituem mais de 73% dos 10% mais pobres da população e apenas 12,4% do 1% mais rico.
Eu acho que para entender essas porcentagens é preciso olhar um pedaço da história do Brasil,quando os primeiros negros foram trazidos em navios negreiros no século XVI.Estima-se que 40% dos negros capturados na Africa tenham morrido antes de embarcar.Outros 15% morreram nos porões dos navios,e quando desembarcados,12% morreram nos depósitos.Mas por que usar esse tipo de regime? Bom,primeiro os europeus não tinham mão-de-obra livre o suficiente para explorar as terras conquistadas,e não usavam trabalho assalariado.E segundo porque eles não conseguiram isso dos indígenas,nem quando os jesuítas tentaram transformar-los em "bons cristãos"( além de que os brancos trouxeram doenças que os índios não tinham defesa biológica,como varíola e gripe).
Além disso,para alimentar a escrvidão do negro, a Igreja e a Coroa diziam ainda que os mesmos eram:seres inferiores,menos inteligentes e nascidos para servir.
Enquanto a Inglaterra em 1833 já havia abolido a escravatura,o Brasil proibiu definitivamente o tráfico negreiro somente em 1850.Em 1871,surgiu a Lei do Ventre Livre.Mas isso tudo não mudou muito a situação e então movimentos abolicionistas começaram a surgir em 1880.Em maio de 1888,a princesa Isabel sancionou a Lei Áurea.
Fossem livres pela lei,ou libertos pela alforria,os ex-escravos não tinham educação nem apoio para sobreviver longe dos senhores.Cerca de 1% dos 800 mil escravos libertos eram alfabetizados.O governo não tomou nenhuma atitude pra absorção dessas pessoas para a sociedade.Pelo contrário, incentivou a imigração de italianos,espanhóis,alemães...então essa parcela da população não conseguia trabalho porque não tinha estudos e não conseguia educar os filhos porque não tinha trabalho.Ou seja, inicia- se um círculo vicioso.As porcentagens dizem por sí só.O que o governo está fazendo hoje -ou melhor, desde 2001 quando a primeira universidade pública optou pelo sistema de cotas -deveria ter feito lá em 1888.Então a questão é : a favor ou contra as cotas?
Temos muito a aprender, ainda,sobre nossos próprios preconceitos e sobre como vencê-los.
Dani
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