segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Desabafo

Vida. Ordem cronológica de fatos. Resume-se em 3 acontecimentos chave: Nascer, crescer e morrer. Imprevisibilidade, a melhor palavra que define a vida.

Esse dia vai entrar para a história. 20 de janeiro de 2011. Dia da divulgação dos classificados no vestibular da UFSC. Dia em que conheci o céu, sentei nas nuvens e até tomei um chá com o anjo Gabriel para pedir-lhe uma ajudinha. Pena que minha visita foi curta, e que de um salto voltei à terra, acredito que ultrapassei o chão.

Acordei às 7h do dia 20, ia acompanhar minha avó ao médico. Estava tranqüila, a divulgação do resultado não abalava meus nervos, até achei estranho. Juro que senti falta do friozinho na barriga, ele dá mais emoção aos fatos, um pouco de adrenalina não faz mal a ninguém. Aquela neutralidade em que me encontrava não tinha graça.

Procurei manter o pensamento positivo, mentalizando meu nome na lista dos aprovados, como se a positividade naquele instante pudesse transportá-lo àquela sagrada listagem.

Orei antes de sair de casa e pedi a Deus que me iluminasse e que fosse feita a sua vontade em relação ao resultado. Mas com receio, logo me ratifiquei: melhor dizendo, me ajuda a passar, Senhor!

Sai de casa por volta das 8h e 30min., e retornei às 10h. Agora não tinha mais saída. O friozinho na barriga apareceu e logo se tornou “friozão”, a saliva começou a faltar, as mãos a suarem, eu olhando para o computador, o computador olhando para mim... cri...cri...cri.

Vamos acabar com isso de uma vez por todas. www.vestibular2011.ufsc.br. Resultado oficial (por curso)... e a saliva faltando... Jornalismo. Primeiro Período. Segundo Período. E eu? Esqueceram de mim II.

Resolvi conferir meu boletim de desempenho individual. Minhas notas foram bem melhores do que as do ano passado. Logo abaixo das notas, aparecia a posição em que me encontrava no curso. 63. A universidade disponibilizava 60 vagas para o curso de jornalismo. Apenas 3 vagas me distanciavam do meu sonho. Chorei. Chorei de emoção, pois a probabilidade de entrar na 2º chamada era grande. Liguei para minha mãe e compartilhei com ela o meu choro. Havia sentido a emoção que tanto almejei. Meu sonho estava a 3 passos de mim.

Como boa menina que sou, fui curtir minha alegria e também angústia limpando a casa. O dia correu bem, sem maiores transtornos, a não ser as gordurinhas dos armários da cozinha. Odeio limpar a cozinha.

Chovia muito e decidi ligar para minha mãe. Estava ainda no centro da cidade e me notificou que havia saído do emprego. Engoli seco. A música que cantarolava enquanto fazia a faxina, deixei de cantarolar. E estou lá, pensando na vida quando de repente: Tim. Deu-me um estalo. Parei o que estava fazendo e corri ao computador. Novamente entrei no site da UFSC. Agora fui conferir a relação candidato/ vaga.

Tum, tum. Algo estranho. Parecia que começava a descer das nuvens. Total de vagas: 60. Vagas para os candidatos não participantes das ações afirmativas: 42. Queda livre. Se pudesse me enterrava em um buraco naquele exato momento. Doeu. Doeu de mais. Eu enxergava 21 cabeças na minha frente, e eu tentando ultrapassá-las. Terrível.

Agora, as lágrimas que percorriam meu rosto eram de tristeza, sentia meu futuro na universidade correr por entre os dedos, e seria difícil segurá-lo. Liguei para o meu namorado a fim de desabafar. Tentei, depois disso, retornar ao meu eixo, mas a revelação não saia da minha cabeça.

Imprevisibilidade. A vida é um piscar de olhos. Agora estão abertos, em segundos podem se fechar. E de todos os acontecimentos temos de tirar lições. Depois de tudo isso, pensei: pelo menos já tenho assunto para minha primeira crônica. Escrever é uma das coisas que me consolam.

Patricia Stahl Gaglioti

Um comentário:

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