quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Onde isso vai parar, porra?!


A língua é uma ciência viva, e a palavra, sua ferramenta, é constantemente transformada para expressar sensações, de acordo com o momento social de cada um. E para canalizar as freqüentes ondas de estresse, tornou-se comum o uso de palavras de baixo calão a fim de se descarregar as tensões.

Parece que a sociedade contemporânea vive em uma panela de pressão e está sempre preste a explodir. Por esse fato, vem assumindo, no decorrer dos anos, uma postura de defesa, que conta com um banco de palavras ínfimas para atacar de forma agressiva aquele ou aquilo que lhe causou aborrecimentos; faz-se notório, contudo, que as razões mais banais já são motivo para propiciar a avalanche de palavras baixas.

As pessoas não falam mais: “Merda!”, quando batem o dedinho na quina da porta. A palavra foi substituída, por exemplo, por: “Porra!”, até porque a fonética desta, acredito que por causa do dígrafo (RR), é mais forte e denota de forma mais eficaz a raiva a ser expressa.Usamos uns para denominar o tamanho de alguma coisa ou um acontecimento, como elogio por mais estranho que pareça (“Nossa, tá gata pra caralho ein!”), como comparativo e geralmente pra definir estado de espírito (“Hoje tá foda!”).Aliás, o “foda” é ambíguo, pois pode ser para uma situação boa ou ruim.

No entanto, o uso de palavrões parte também para outra vertente, visando assumir funções gramaticais da nossa língua, fazendo-nos concluir que em breve teremos um dicionário só para eles.

O fato é que o uso dessas palavras espalhou-se por todas as classes sociais e tende a estar cada vez mais presente no vocabulário das pessoas; talvez, característica de uma sociedade moderna, que expressa suas sensações de forma mais explosiva, audaz e dinâmica. Usar palavrões tornou-se tão natural que o fazem sem saber por que. Talvez, princípio osmótico, hábito mundial.

O ciclo de renovação das palavras continua. Amanhã, alguma delas poderá cair em desuso e lhe ser atribuída uma conotação sexual, será, portanto, um novo palavrão. E assim caminha a humanidade, anti-careta e raquítica no linguajar; só temos de tomar cuidado para que, dentro de um certo tempo, nossos diálogos não sejam censurados.


[Patrícia Stahl Gaglioti]


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2 comentários:

  1. Puta foda este texto!!

    XD

    Gustavo

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  2. uma vez eu li que falar palavrões pra expressar dor, raiva e afins é cinetificamente comprovado que ajuda a aliviar. vai ver é isso. ^^

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Identifique-se, por favor e obrigado. (: